Biocombustíveis baseados em resíduos sólidos podem impulsionar transição energética, diz estudo

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

22/Ago/2022 17:27 BRT

Os biocombustíveis baseados em resíduos sólidos podem ser um dos principais componentes da transição energética, aponta novo relatório da empresa britânica de consultoria e análise de mercado Wood Mackenzie. Segundo o levantamento, hoje os biocombustíveis respondem por 3% da demanda atual de 100 milhões de barris por dia (b/d) de combustível líquido. 

A consultoria indica que o surgimento de novas tecnologias deve impulsionar a produção de biocombustíveis a partir de resíduos sólidos de metrópoles, atividades agrícolas ou do plástico reciclado. Esses materiais poderiam fornecer mais de 20 milhões de barris por dia (b/d) de biocombustíveis até 2050, “satisfazendo” um quarto de toda a demanda futura de combustíveis líquidos (95 milhões b/d em 2050).

“Muitos governos, compreensivelmente, deixaram de usar biocombustíveis à base de alimentos, o que prejudicou o crescimento do setor. No entanto, ainda há muitas oportunidades de crescimento, especialmente quando olhamos para alternativas baseadas em resíduos sólidos”, disse Alan Gelder, vice-presidente da Wood Mackenzie.

O documento ainda afirma que caso os biocombustíveis atinjam a escala prevista até 2050, haverá “grandes implicações” para os produtores de petróleo, já que o uso do material em conjunto com o crescimento da oferta de veículos elétricos deverá resultar em um cenário de “pouco espaço para o petróleo bruto com alto teor de carbono”.

Segundo a Wood Mackenzie, os governos podem reverter esse cenário caso convertam refinarias baseadas em combustíveis fósseis em negócios sustentáveis, misturando, por exemplo, o combustível fóssil com biocombustíveis - incentivando o alcance de metas de ser Net Zero até 2030 -, além de aumentar a segurança energética.

“As refinarias sabem como fazer isso e, para muitos, isso pode ser a chave para sua viabilidade a longo prazo. Isso traria enormes benefícios para as economias e empregos locais, criando um argumento poderoso para os governos desenvolverem incentivos. Incentivos esses que poderiam ser na forma de um “crédito de imposto de carbono”, aponta o relatório.